sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Natal de 2011

Sinto saudades dos Natais de minha infância. Sempre chovia em Itapetinga. Helma Pio Mororó José montava a árvore, eu quebrava algumas bolas. Marcelo, que estava de férias ficava o dia inteiro no clube, tava nem aí. Leila Mororó e Elaine Mororo Costa vinham de Itabuna. Painho fazia suspense dizendo que ia pra roça, mainha fazia a comida e todos ceiavamos após a meia noite. Antes, porém, nos reuníamos ao redor do piano e Lane tocava "noite feliz". Depois da oração, eu enfrentava o peru, a farofa e o arroz com passas e o salpicão com maçã, sempre odiei comida de natal! Geralmente eu estreava um vestido novo, sempre feito pela costureira de confiança, com bordadinhos e sianinhas, uma belezura! É claro que eu já havia aberto os presentes que estavam embaixo da árvore mas, sempre conseguia fingir uma cara de surpresa ao recebe-lo das mãos de meu presenteador. Nunca acreditei em Papai Noel. Minha mãe sempre fez questão de falar que o presente vinha dela e de meu pai, e mais tarde, de minhas irmãs também. Enfim, um típico natal de uma classe média protestante, porém, todo o amor que unia a nossa familia estava ali naquele ambiente. Somos 5 filhos, eu temporã, e esta era a única data do ano em que ficávamos todos juntos. Em algum ano da década de 80, estava eu voltando para casa, toda feliz porque tinha ganhado um sapatinho vermelho de verniz com lacinho na frente, quando passa, no carro de meu pai, um colega de trabalho dele que pára o carro e cochicha com minha mãe. Mainha, então, vira pra mim e fala nervosa: "Vá para casa agora! eu tenho que ir ali." Na cabeça de uma criança de 8-9 anos, no auge de seu complexo de édipo, ver um outro homem, dirigindo o carro de seu pai e levando sua mãe para "ali" era algo, no mínimo, muito angustiante. Fiquei sozinha em casa, calcei meus sapatos novos e fiquei viajando no que teria acontecido. Meu pai tinha caído do cavalo e bateu com a cabeça numa pedra. O cavalo ainda tinha pisado no nariz dele e ele estava naquele momento, inconsciente numa mesa de cirurgia. Neste Natal, não houve cantoria, nem ceia. Abri meus presentes: um pega vareta, uma blusa do mickey, um diário... Mas a sensação de que tudo aquilo não era nada, que o presente maior era meu pai estar bem, fez o meu Natal atípico, mas muito feliz. Num outro Natal, eu já adolescente, Elaine estava internada com febre tifóide. Estava bem, mas a família não estava junta. Eu mesma fiz o peru, meu pai me ajudou. Nesta época a família havia aumentado, meu primeiro sobrinho já tinha "roubado"a minha posição de caçula e eu já não ganhava tantos presentes. Em 2006, minha mãe se recuperava dos 75 dias que passou internada por conta de uma cirurgia cardíaca. Passamos o Natal em Salvador, mas tão, tão felizes de estarmos juntos e com mainha bem, depois do sufoco que foi vê-la em apuros por tanto tempo. Pedro já estava conosco e me deu um anel de compromisso, começava ali uma nova fase na minha vida. Deste o Natal do acidente com o meu pai, sinto esta data como uma forma de renovação. Nós renovamos nosso compromisso de estar sempre juntos, nos suportando e apoiando como família. E Deus renova sua promessa de estar conosco, não importa quão grande for a dor ou o sacrifício, assim como fez quando mandou o Seu filho. Boas festas a todos!!

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