O pinto de meu amigo: um traço de auto-análise

Eu tenho um amigo que tem o pinto pequeno.
Não que eu algum dia tenha me interessado pelo pinto dele, mas é que meus amigos SEMPRE me viram como um menino e me mantiam informada sobre os pintos deles.
Como eu achava que tinha um, nunca me importei em saber quem tinha o pinto grande, fino, pequeno ou sei lá.
Mas esse meu amigo sempre se mostrou muito incomodado com a miudeza do membro dele. E eu achava uma bobagem sem tamanho (ou melhor, com tamanho pp) e nunca dava trela.
Isso até saber que ele vai casar.
Comecei a pensar e a sonhar com a pobre futura esposa dele. Com a provável frustação que terá na Lua de mel.
Isso me deixou incomodada; Não tinha coragem de comentar com meu marido que estava preocupada com o desempenho do pinto alheio.
Mas, enfim, a ficha caiu.
Na verdade a minha preocupação é com o meu próprio pinto, aquele que nunca tive, mas sempre quis ter. Seria o que Freud, no alto de sua sapiência, teria chamado de FALO.
Durante minha adolescencia, enquanto meus amigos faziam zombaria do micro-pinto do meu amigo, me respeitavam pelo meu super-pinto. Aquele que eu não tinha, mas imaginava e impunha.
O casamento desse meu amigo é mais uma notícia de que não existe pinto algum em mim. E que o dele, mal ou bem, o serve muito bem, enquanto o meu...
A minha falta de pinto tem me perturbado desde então; já escrevi aqui várias vezes sobre ela sem antes ter atinado sobre isso.
Eu tinha um pinto, juro que tinha, mas perdi ele em algum lugar.
E digo isso não só pela vontade de fazer xixi em pé, mas pela maneira como eu me projetava, como eu existia.
Hoje, vivo meio que decepcionada comigo mesmo por conta dessa minha broxação.
Virei mulherzinha do meu superego. Submissa e atônita às coisas que se passam comigo.
Tô precisando de um viagra para a alma.