sábado, 2 de agosto de 2008

O início do nada

As aulas já vão começar e mais uma vez sinto aquele frio na barriga. Não que eu não esteja acostumada com a turma ou que esteja preocupada com as novas disciplinas. No final sempre é a mesma coisa: eu estudo, compro livro, passo a noite acordada preparando aula, prova e no final ninguém tá nem aí.
O que mais me dá frio na barriga é que por mais um semestre estou muito longe de tudo aquilo que sonhei para mim.
Desde a faculdade quis me preparar para seguir carreira acadêmica, achava tão lindo, tão especial, tão novo e necssário em minha área... mas as coisas mudaram antes mesmo de eu me sentir preparada para encarar esse desafio.
Naquela época, os professores eram mestres, sacavam de tudo, davam aulas tremendas, eram verdadeiros modelos! Hoje, me parece que quem não deu para nada na vida acabou virando professor.
Com o crescimento do mercado proporcionado pela entrada em massa das faculdades particulares, não havia mão de obra especializada, e a que havia não achava interessante deixar o tempo de pesquisa nas grandes universidades para ficar de nhen nhen nehn blá blá blá com quem acha que tá pagando e pode tudo. Resultado: a banda podre que não foi absorvida pelo mercado de trabalho achou nas faculdades uma forma de "ganhar um troco".
Esses dias eu estava na FACSUL de bobeira quando de repente encontro um ex-colega de escola, imagina a minha surpresa quando fiquei sabendo que ele era a mais nova aquisição do curso de fisioterapia. O guri que em véspera de vestibular, só anadava pelo corredor do cursinho conversando sobre as bombas que tomava e penteando o cabelo tigelinha agora era professor, pensa aí!
Isso já faz algum tempo, mas ainda me espanto quando vejo minha ex-colega de inglês, a quem todos chamávamos carinhosamente de "porta"como coordenadora de curso.
Sinto que alguma coisa está errada. Na faculdade eu era boa aluna, fiz ótimas leituras e nunca me considerei burra, o que é que eu tô fazendo, meu Deus?
Eu confiei tanto que ia seguir carreira acadêmica que me afastei completamente do mercado de trabalho, acho que o máximo que consigo agora é virar revendedora da Avon.
Se bem que depois que dei uma oficina de fotografia pro pessoal de jornalismo da UESB recebi uma injeção de ânimo. Em 2 aulas eles produziram o que meus alunos não produziram em 2 semestres!
Incrível como é diferente!
Fiquei apaixonada por eles. É claro que tem 1 ou outro que sai, fica conversando, não leva equipamento. Mas a grande maioria participou das aulas, levou produtos, teve iniciativa de ousar, ai como eu gostei!
O jeito vai ser continuar enchendo o saco da UNICAMP e da UFMG para entrar num mestrado lá. Acho que não aguentam mais receber meus projetos, mas quem sabe, né?
Ou então começar a orar para surgir alguma coisa por aqui que seja menos passional.
Se alguém aí tiver um emprego para me oferecer, tô aceitando também.




Foto da Verônica- aluna de jornalismo da UESB.

3 comentários:

Roberto Ivo das Neves disse...

Sinto lhe dizer, mas acho que está tanto certa, quanto errada. Certa em parte do conteúdo (porque falta uma parte que não citou). E errada no tom, que tem a ver com a parte não citada.
O tom no final é de quiexa e derrota, enquanto a vitória é saber da banalidade e ter a certeza de que a saída até pode ser por esse caminho tb, mas com bem menos expectativa, para sobrar energia para fazer a outra parte que é buscar o mestrado e outro público para seu trabalho. Porque ta-lento precisa de rapidez e precisão nos atos, porque o resto é do cara do bagulho, aquele que tá a pé!
bj.

Roberto Ivo das Neves disse...

e tem mais os babacas não são os bestas de sempre, mas os sabidões de ontem. ( e eu nem sei onde é que eu estou!!)

Pedro R Ivo das Neves. disse...

mas sei uma coisa, pois convivo de muito perto observando isto: vc é uma pessoas muito criativa, inventiva, artista, sabida, e merece receber os benefícios econômicos que é o que a vida de nosso tempo, nossa época, nossa era, neste país que não escolhemos viver, mas estamos desde o nascimento por aqui, com todas as características que tem a vida de emprego, de reconhecimento, dessas coisas todas por aqui. Invente o seu lugar nele, porque a sua capacidade inventiva em si pode estar em qualquer lugar, inclusive, em alguma função em algum canto em algum emprego de algum órgão privado ou público que lhe remuere bem.