sábado, 24 de maio de 2008

O Ilustre Anônimo


23 de maio de 2008 Vitória da Conquista, Bahia

Após um feriado, no meio da semana, ainda é feriado na Bahia.
O que fazer? arrumar o guarda-roupas? agendar os próximos compromissos? encontrar os amigos? reunir a família para um churrasco? Não, nada disso é realmente importante quando se tem nas maõs um belíssimo convite para o lançamento "bombante" de uma das revistas mais bem conceituadas da cidade.
Bom, isso é, para quem recebeu o convite. Pois, apesar de ter passado noites acordado escrevendo uma obra prima do jornalismo contemporâneo para ocupar as folhas da revista, o ilustre anônimo não recebeu convite.

Mas, como o tal anônimo, personagem desta História, não é apenas anônimo, mas é também ilustre, resolveu se arrumar e ir mesmo assim.
Chegando lá, que beleza, salgadinhos salpicavam a mesa da livraria. Personalidades cheirando a formol, desfilando com os ultimos modelitos outono-inverno. Caras, rostos, sempre os mesmos, lá, esperando ansiosos em ver suas caras photoshopadas nas páginas fresquinhas da revista.
Uau, que noite, diz o anônimo!
Beijinhos, sorrisos, tapinhas no ombro, risadas temperadas. O anônimo está no meio de todos sendo Ilustre, apenas ilustre.

De repende, um sujeito entra gritando, com uma pá na mão. Espere um pouco, não são gritos, é apenas a má interpretação de um rapaz fingindo ser pedreiro (é, a revista é de arquitetura e decoração, tudo a ver). A platéia de olha, meio desconfiada, sem saber se acha bom ou ruim. É, foi engraçado.
O anônimo se apressa em pensar em recitar uma poesia, homenageando a iniciativa da revista, fazendo propaganda de si mesmo para os futuros leitores, mas hesita.

Enfim, a revista. ohh... comoção geral. Pena que o botox não deixou aquelas pobres senhoras expressarem a alegria de ver suas caras estampadas na revista. Ou será que não se reconheceram? bem provável.

No canto, nosso anônimo, em cólicas, evitando chegar na página de seu artigo para ter mais tempo para alguém vir parabenizá-lo pela brilhante estréia.

Essa não, tarde demais. A revista acabou, não há mais páginas. O artigo estava alí, irreconhecível! Das noites em claro que passou, apenas a alvorada estava ali, uns 10 minutos dela, irreconhecíveis 10 minutos. Sem créditos, sem seu nome impresso no expediente, reduzido a um comentarista do seu próprio texto, o anônimo deixou essa página de sua vida em branco, o de escritor de revista para dondocas.

Dondocas que vão as favas, cheias de desculpas, culpando Deus, o Mundo e a gráfica por sua gaffe, o que eu chamaria de incompetência editorial, mas nesse caso, a minha opinião pouco importa pois sou mais uma anônima, e dessas nada ilustre.

3 comentários:

Deby disse...

Quem era o ilustre?? Vc?? Pedro?? O que faziam desperdiçando talento em revista de arquitetura?? Hã?? Explica-me.
bjo

DJAMAN BARBOSA disse...

Aplicaram photoshop no texto, é isso? Só que pelo visto, como em alguma fotos, ao invés de melhorar, piorou tudo. Ficou a certeza que o natural era melhor, ainda que com suas "pequenas imperfeições e etc."

Aline Mororó disse...

Òtimo isso de "photoshopar o texto" hahahahahahahahaha